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quinta-feira, 17 de junho de 2021

Evolução histórica e semântica do termo literatura

Textos literários: o texto narrativo

Evolução histórica e semântica do termo «literatura». 4

Oratura vs. literatura

Textos literários: o texto narrativo

 Textos literários: o texto narrativo As primeiras produções literárias tiveram origem na oralidade. A literatura oral é denominada oratura. São vários os géneros da oratura, nomeadamente contos, fábulas, mitos, lendas, histórias enigmáticas, poesias, provérbios, ditados, anedotas e adivinhas, entre outros. Com a invenção da escrita, muitas produções literárias orais passaram à escrita.

Trazemos-te, nesta unidade didáctica, o estudo da literatura a partir das suas formas orais. É importante também ficares a conhecer a evolução etimológica do termo «literatura».

Evolução histórica e semântica do termo «literatura»

O termo literatura deriva historica- mente, por via erudita, da palavra latina litteratura.

Na língua portuguesa, encontramos documentado o termo literatura, pela primeira vez, num texto datado de 21 de Março de 1510.

O termo complexo literatura signifi- cou o saber relativo à arte de escrever e ler, gramática, instrução e erudição. Nas diversas línguas europeias, até ao século XVII, o conteúdo semântico de 01 literatura dizia respeito ao saber e à ciência, em geral.

Na segunda metade do século XVII, o conceito literatura apresenta uma profunda evolução semântica, em estreita conexão com as transformações da cultura europeia nesse período histórico. Subsistem no seu uso, por força da tradição linguística e cultural, os significados já mencionados, mas manifestam-se também, em correlação com aquelas transformações, novos conteúdos semânticos, que divergem dos anteriormente vigentes e que divergem também entre si.

O conhecimento representado pela literatura, quando diz respeito a objectos caracterizados pela beleza, como a poesia, a eloquência, «a história bem escrita», toma o nome de belle littérature, não cabendo tal como designação, porém, à simples crítica nem à cronologia, já que tais actividades, bem como os escritos dela resul- tantes, carecem de beleza. Se a denominação de belle littérature implica, por conseguinte, a existência de valores estéticos, a simples denominação de literatura implica a relação com as letras, com a arte de expressão através da linguagem verbal e, por isso mesmo, Voltaire não considera como pertencentes à literatura aquelas obras que se ocupam da pintura, da arquitectura ou da música.

Num texto de Diderot, escrito em 1751, a literatura é consi- derada uma arte e também um conjunto de manifestações dessa arte, isto é, um conjunto de textos que se singularizam pela presença de determinados valores estéticos.

Este texto de Diderot docu- menta, pois, dois novos e importantes significados com que o termo literatura será cres- centemente utilizado a partir da segunda metade do século XVIII: especifico fenómeno estético, específica forma de produção, de expressão e de comunicação artistica

O termo literatura passou a significar também o conjunto da produção literária de um determinado país, tornando-se óbvias as implicações filosófico-políticas do conceito literatura nacional: cada país possuiria uma literatura com carac- 45 terísticas próprias, uma literatura que seria expressão do espírito nacional e que constituiria, por conseguinte, um dos factores relevantes a ter em conta para se caracterizar a natureza peculiar de cada nação, Designações como literatura alemã, literatura francesa, italiana, etc., foram-se tornando de uso frequente a partir das últimas três décadas do século XVIII.

Oratura vs. literatura

A literatura sob a forma escrita tem base oral. Isto significa que as primeiras mani- festações artísticas surgiram por via oral, pois a oralidade é mais antiga e o Homem sempre teve necessidade de exprimir sentimentos.relatar eventos e retratar realidades através da arte (cantos, poesia, dramas e histórias orais).

O meio de transmissão oral é menos seguro do que o meio escrito. A literatura oral (ou, simplesmente, oratura) varia à medida que passa de um transmissor para outro. Como diz o ditado: «Quem conta um conto, acrescenta um ponto.» O contador de histórias orais é criativo, pois, muitas vezes, recria a história que ouviu, adequan- do-a à realidade que o envolve. Contudo, isso não implica a perda da essência do que conta. As adaptações nas produções orais não acontecem só pelo simples interesse recreativo ou contextual; também são, muitas vezes, condicionadas pelo esqueci- mento. Por outras palavras, a falha da memória, isto é, o esquecimento da história pelo contador, obriga-o a inventar certas passagens.

Os géneros da oratura são guardados na memória das pessoas e transmitidos de geração em geração. A literatura escrita é fixa, imutável, quando não for viciada. O código escrito asse- gura a integridade textual, não permitindo recriação por parte do leitor. Contudo, a oratura é mais viva. Tal vivacidade é legada pelo narrador, através da entoação da Voz, dos gestos e das expressões faciais.

A escrita procura traduzir as expressões acentuadas do discurso oral através da pontuação [exclamação (!);reticências (...); interjeições (Ah!, Ui!);mudança tipográfica (O patrão disse: - SAI!); onomatopeias (zzzz., booom...)] e de outros recursos.

Em síntese:

 

Literatura oral

Literatura escrita

Composição

Na memoria

No papel

Transmissão

Oral (de uma pessoa a outra)

escrita ( papel ao leitor)

Autor

Desconhecido

Identificado

codigo

Misto (palavras, gestos, imagens…)

Verbal (escrita)

conteudo

sujeito a mudancas

Inalteravel; fixo

 

A literatura oral é anterior à escrita. Assume-se como um património cultural, na medida em que é transmissora de conhecimentos, ensinamentos e valores. Está sujeita a alterações (a memória do contador ou o local/situação em que é realizada são motivos que a isso conduzem). Ultrapassa o problema do analfabetismo, pois pode ser consu- mida por todos. Surge-nos em forma de contos, fábulas, provérbios, adivinhas.

 

Textos literários: o texto narrativo

Evolução histórica e semântica do termo «literatura». 4

Oratura vs. literatura

Textos literários: o texto narrativo

 Textos literários: o texto narrativo As primeiras produções literárias tiveram origem na oralidade. A literatura oral é denominada oratura. São vários os géneros da oratura, nomeadamente contos, fábulas, mitos, lendas, histórias enigmáticas, poesias, provérbios, ditados, anedotas e adivinhas, entre outros. Com a invenção da escrita, muitas produções literárias orais passaram à escrita.

Trazemos-te, nesta unidade didáctica, o estudo da literatura a partir das suas formas orais. É importante também ficares a conhecer a evolução etimológica do termo «literatura».

Evolução histórica e semântica do termo «literatura»

O termo literatura deriva historica- mente, por via erudita, da palavra latina litteratura.

Na língua portuguesa, encontramos documentado o termo literatura, pela primeira vez, num texto datado de 21 de Março de 1510.

O termo complexo literatura signifi- cou o saber relativo à arte de escrever e ler, gramática, instrução e erudição. Nas diversas línguas europeias, até ao século XVII, o conteúdo semântico de 01 literatura dizia respeito ao saber e à ciência, em geral.

Na segunda metade do século XVII, o conceito literatura apresenta uma profunda evolução semântica, em estreita conexão com as transformações da cultura europeia nesse período histórico. Subsistem no seu uso, por força da tradição linguística e cultural, os significados já mencionados, mas manifestam-se também, em correlação com aquelas transformações, novos conteúdos semânticos, que divergem dos anteriormente vigentes e que divergem também entre si.

O conhecimento representado pela literatura, quando diz respeito a objectos caracterizados pela beleza, como a poesia, a eloquência, «a história bem escrita», toma o nome de belle littérature, não cabendo tal como designação, porém, à simples crítica nem à cronologia, já que tais actividades, bem como os escritos dela resul- tantes, carecem de beleza. Se a denominação de belle littérature implica, por conseguinte, a existência de valores estéticos, a simples denominação de literatura implica a relação com as letras, com a arte de expressão através da linguagem verbal e, por isso mesmo, Voltaire não considera como pertencentes à literatura aquelas obras que se ocupam da pintura, da arquitectura ou da música.

Num texto de Diderot, escrito em 1751, a literatura é consi- derada uma arte e também um conjunto de manifestações dessa arte, isto é, um conjunto de textos que se singularizam pela presença de determinados valores estéticos.

Este texto de Diderot docu- menta, pois, dois novos e importantes significados com que o termo literatura será cres- centemente utilizado a partir da segunda metade do século XVIII: especifico fenómeno estético, específica forma de produção, de expressão e de comunicação artistica

O termo literatura passou a significar também o conjunto da produção literária de um determinado país, tornando-se óbvias as implicações filosófico-políticas do conceito literatura nacional: cada país possuiria uma literatura com carac- 45 terísticas próprias, uma literatura que seria expressão do espírito nacional e que constituiria, por conseguinte, um dos factores relevantes a ter em conta para se caracterizar a natureza peculiar de cada nação, Designações como literatura alemã, literatura francesa, italiana, etc., foram-se tornando de uso frequente a partir das últimas três décadas do século XVIII.

Oratura vs. literatura

A literatura sob a forma escrita tem base oral. Isto significa que as primeiras mani- festações artísticas surgiram por via oral, pois a oralidade é mais antiga e o Homem sempre teve necessidade de exprimir sentimentos.relatar eventos e retratar realidades através da arte (cantos, poesia, dramas e histórias orais).

O meio de transmissão oral é menos seguro do que o meio escrito. A literatura oral (ou, simplesmente, oratura) varia à medida que passa de um transmissor para outro. Como diz o ditado: «Quem conta um conto, acrescenta um ponto.» O contador de histórias orais é criativo, pois, muitas vezes, recria a história que ouviu, adequan- do-a à realidade que o envolve. Contudo, isso não implica a perda da essência do que conta. As adaptações nas produções orais não acontecem só pelo simples interesse recreativo ou contextual; também são, muitas vezes, condicionadas pelo esqueci- mento. Por outras palavras, a falha da memória, isto é, o esquecimento da história pelo contador, obriga-o a inventar certas passagens.

Os géneros da oratura são guardados na memória das pessoas e transmitidos de geração em geração. A literatura escrita é fixa, imutável, quando não for viciada. O código escrito asse- gura a integridade textual, não permitindo recriação por parte do leitor. Contudo, a oratura é mais viva. Tal vivacidade é legada pelo narrador, através da entoação da Voz, dos gestos e das expressões faciais.

A escrita procura traduzir as expressões acentuadas do discurso oral através da pontuação [exclamação (!);reticências (...); interjeições (Ah!, Ui!);mudança tipográfica (O patrão disse: - SAI!); onomatopeias (zzzz., booom...)] e de outros recursos.

Em síntese:

 

Literatura oral

Literatura escrita

Composição

Na memoria

No papel

Transmissão

Oral (de uma pessoa a outra)

escrita ( papel ao leitor)

Autor

Desconhecido

Identificado

codigo

Misto (palavras, gestos, imagens…)

Verbal (escrita)

conteudo

sujeito a mudancas

Inalteravel; fixo

 

A literatura oral é anterior à escrita. Assume-se como um património cultural, na medida em que é transmissora de conhecimentos, ensinamentos e valores. Está sujeita a alterações (a memória do contador ou o local/situação em que é realizada são motivos que a isso conduzem). Ultrapassa o problema do analfabetismo, pois pode ser consu- mida por todos. Surge-nos em forma de contos, fábulas, provérbios, adivinhas.

 

6 comentários:

  1. Gostei do site e as informações que as encontrei. Ajuda-me muito a resolver o meu trabalho. Keep helping!

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  2. Gostei muito do site, pude ler o texto Evolução histórica e semântica do termo literatura.....significou á arte de escrever e ler..

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